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Estradas Florestais: Viabilize a Densidade Ótima de Estradas

Estradas Florestais: Viabilize a Densidade Ótima de Estradas

Já pararam para pensar para que servem as estradas florestais? Para alguns mais distantes do setor, podem dizer que “são as vias internas de uma fazenda que possibilitam o acesso para operações florestais no geral e para escoamento de seus respectivos produtos”, ou seja, função de transporte. E não está errado, de forma alguma! Entretanto, as estradas florestais possuem diversos papéis para as operações, que não só o de transporte de fato.

O desafio:

A distribuição geográfica da malha viária florestal, ou seja, interna à sua fazenda, é de suma importância, não somente pela questão de eficiência de transporte, mas também influencia fortemente as operações florestais, impactando indicadores importantes de eficiência e/ou produtividade. Pode-se citar, por exemplo, o caso de distância média de arraste para a operação de colheita, a qual influencia diretamente os custos.

Portanto, é necessário entender melhor como as principais operações são afetadas diretamente com a distribuição da malha viária, mas antes, tenham em mente um aspecto: quando se planeja as estradas de uma fazenda, automaticamente a estamos dividindo em talhões, e este é o cerne da questão. Ao dimensionar e definir os talhões, afetamos direta e indiretamente toda a cadeia de valor das operações florestais. 

Figura 1: Consequências da alocação geográfica das malhas viárias florestais e as principais operações impactadas / Fonte: Autoria própria
Traçado geométrico de estradas florestais

Existe uma série de estudos e recomendações bem consolidados acerca das boas práticas de um traçado geométrico de estradas florestais, visando a segurança, boa trafegabilidade, redução de impactos ambientais e custos, mas também temos uma série de recomendações também bem fundamentadas na literatura sobre o dimensionamento e definição de talhões, objetivando a homogeneidade de plantio e eficiência operacional.

Logo, podemos pensar em duas situações básicas: uma, em que o melhor traçado geométrico CONCORDA com o melhor dimensionamento do talhão (mundo ideal); e outra, em que as boas práticas de estradas CONCORREM com as recomendações para o Talhonamento (mundo real). Aliás, falando em mundo real, imaginemos certo cenário como um exemplo, ainda que um tanto simplificado perto da complexidade:

➡️ Para o Talhonamento, é interessante que um talhão seja uma região homogênea, tanto em relação a estar contido numa mesma mancha de solo quanto em relação ao perfil de relevo;

➡️ Para a operação de colheita florestal, que é um dos principais representantes do custo final da madeira na porta da fábrica, os talhões não devem exceder uma largura de 300m, buscando a eficiência operacional das máquinas quanto às distâncias de tiro máximo de máquina viável.

➡️ O traçado ideal de estradas, devido ao perfil do relevo local, a característica de solo e a necessidade de boa trafegabilidade para grandes cargas implicam em restrições quanto: ao greide vertical e horizontal máximo, larguras específicas de estradas, implantação das zonas manobradoras, entre outras;

➡️ Os analistas que planejam as estradas entendem as necessidades da operação de colheita, mas são de outras áreas, possuem outro budget e, consequentemente, outros KPIs a serem perseguidos como metas, como exemplo, a diminuição da densidade de malhas viárias.

Poderíamos continuar listando uma série de descrições para que o cenário descrito seja mais aderente à realidade, quanto à sua complexidade, mas creio que já podemos ter uma noção das variáveis que envolvem certas tomadas de decisão por parte do analista de planejamento de estradas, que será o grande responsável pelo desenho e alocação da malha viária. Vamos imaginar como fica a cabeça do nosso querido analista nesta situação?

Figura 2: Ilustração sobre as mazelas da tomada de decisão acerca da alocação da malha viária. / Fonte: Autoria própria.
Figura 2: Ilustração sobre as mazelas da tomada de decisão acerca da alocação da malha viária. / Fonte: Autoria própria.
Como o analista pode modelar e dar melhores respostas neste procedimento?

Claro que simplificamos bastante aqui todo o processo de Microplanejamento, assim como o estabelecimento de metas para cada área. Entretanto, mesmo tendo-os simplificado, à critério de exemplo, já teríamos um cenário que dificilmente poderíamos tomar uma decisão totalmente informada e atendendo às diversas regras, restrições e anseios advindos de áreas distintas da companhia, por mais sênior que o analista seja. Diante disso, percebemos aí o gap: o analista precisa de uma ferramenta capaz de modelar e dar respostas sobre este procedimento.

A abordagem

Primeiramente, a ferramenta deveria apoiar na resolução de certos conflitos de interesses internos, como a questão da Densidade de Estradas VS Custos de Colheita, por exemplo. Como acabar com este cabo de guerra? Precisávamos entender melhor sobre a famosa “densidade ótima de estradas”.

Em muitas pesquisas encontramos aqueles números mágicos, quase que como receita de bolo, sobre o valor ideal em metro por hectare. Mas podemos generalizar este número ideal para todos os casos? Claro que não! É natural que em áreas declivosas, por exemplo, haja uma densidade maior de estradas. Para isso, o principal era entender, modelar e traduzir para a língua que todos falam e compreendem dentro da corporação: CUSTO. Ora, a tal “densidade ótima de estradas” seria atingida a partir da minimização dos componentes do custo final da madeira, como construção de estradas, manutenção, extração, perda de área produtiva, meio ambiente e silvicultura como podemos verificar na Figura 3. Ou seja, voltando para o nosso exemplo, se for para que o custo final por unidade de madeira seja mais baixo, deveria aceitar uma maior Distância Média de Extração, que impactaria diretamente no Custo da Colheita.

Figura 3: Gráfico que mostra a composição de custos da madeira em função da densidade de estradas. / Fonte: Arquivo de slide de autoria de Rafael Alexandre Malinoviski (2024) cedido pelo mesmo.
Figura 3: Gráfico que mostra a composição de custos da madeira em função da densidade de estradas. / Fonte: Arquivo de slide de autoria de Rafael Alexandre Malinoviski (2024) cedido pelo mesmo.

Ainda, sobre a Figura 3, podemos perceber que o todos os custos aumentam proporcionalmente à densidade de estradas, exceto as curvas das principais operações florestais de Silvicultura e Colheita. Os custos de Silvicultura e Extração variam de forma similar de acordo com a densidade de estradas, mas em grandezas ligeiramente diferentes. Sendo a eficiência operacional destas operações balizadas pelos respectivos maquinários e implementos, quanto à distância de arraste. Como são maquinários distintos os utilizados pela Silvicultura e Colheita e, como observamos, estas curvas de custo possuem o mesmo comportamento, porém em escalas de custos diferentes. Devido à esta percepção, optou-se por parametrizar as restrições da ferramenta para a operação de Colheita, por sua grande importância no custo final da madeira.

Dentro da operação de Colheita, mapeamos restrições operacionais, tais como declividade e áreas de preservação, além de, também, como são aplicados os custos às vias ao longo dos ciclos. Outra grande questão era o CPAP, ou Custo por Perda de Área Produtiva. Afinal, por que eu diminuiria a minha densidade de estradas já que o meu custo de Colheita aumentaria? Para convertê-las em Áreas Produtivas, é claro!  Portanto, o CPAP seria um dos indicadores mais importantes para avaliação dos cenários, juntamente com o custo final da operação por unidade de madeira produzida.

Para se desenvolver a ferramenta, não poderíamos simplesmente assumir números mágicos para as operações, necessitávamos ir à fundo nos processos! Foi então que a nossa grande parceira Klabin, que já tinha uma “versão” da ferramenta, mergulhou neste desafio de cabeça conosco. Transmitiu todo o seu entendimento de suas operações e seus respectivos custos, baseado em dados históricos da companhia. Esse foi um grande fator que corroborou para o sucesso deste projeto!

A conclusão

O assunto sobre Estradas Florestais é extenso e poderíamos tecer discussões técnicas por páginas e páginas aqui, mas este não é o intuito deste artigo. Entretanto, uma coisa é fato: dependendo da forma como se alocam as Estradas Florestais, elas podem ser heroínas ou vilãs para a viabilidade econômica do ciclo. Por mais sênior que seja o analista de planejamento de estradas, ele necessita de uma ferramenta específica para apoiá-lo na classificação da sua malha viária, pois há diversos interesses que a circundam, alguns coincidentes, outros concorrentes. Desta forma, soma-se a experiência do analista de planejamento de estradas com indicadores poderosos da ferramenta, sobre custos e conversão de áreas de estradas em áreas produtivas, visando-se obter malhas viárias que façam sentido quanto aos maquinários e implementos das operações atuais. E, o intercâmbio e participação direta das demais áreas envolvidas, especialmente retratando a realidade da operação em campo, afinal a malha viária tem como objetivo atender a operação florestal.

Conheça a solução da OPT!

O processo de cocriação da solução, que é marca registrada da OPT, foi essencial para que conseguíssemos entender a fundo as nuances sobre o problema de negócio que envolve as estradas florestais. Isso foi determinante para o sucesso da ferramenta para a Klabin, que obteve um retorno de 5.800% sobre o que investiu. Eles convertem cerca de 100 hectares por ano desde 2019, ano em que começaram a utilizar a ferramenta, de áreas de estradas para área produtiva.

Além dos evidentes ganhos, podemos evidenciar outros consequentes, relacionados à implantação e utilização da ferramenta. Assim como toda solução, o sucesso de utilização depende da experiência do usuário associada a um material de trabalho de qualidade. No nosso caso, o material de qualidade é o dado. Além de ter qualidade, deve estar bem estruturado para o consumo dentro da companhia. Ao longo do desenvolvimento e implantação da ferramenta para nossos clientes, pôde-se observar que as áreas envolvidas no projeto, obtiveram um ganho quanto à organização e estruturação de seus dados. Sabemos que estes são processos difíceis e onerosos, por isso nossos clientes contam com total apoio por parte de nosso time para tornar esta entrega uma realidade.

Caio Valente OPT

Escrito por

Caio Valente

Analista de Negócios de TI 

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