Otimizando o transporte de madeira com sistemas de informação geográfica

ARTIGOFLORESTALLOGÍSTICA

OPT

O frete tem impacto financeiro significativo sobre o custo da madeira e as mudanças são constantes, seja em custos de insumos, expansão da base florestal, novos equipamentos e qualificação de novos fornecedores. Isso apenas para citar algumas.

Para se manter no controle deste processo e tomar as decisões certas, é necessário estar antenado no mercado, ter dados completos, fazer inúmeras contas e ser assertivo nas ações.

Neste artigo vou demonstrar a abordagem que a OPT adota para encarar este desafio. Com isso, esperamos ajudar a validar se seus processos já contemplam de forma abrangente e consistente as práticas que temos adotado por aqui em diferentes projetos.

A definição do raio médio

Sobre a importância da distância de transporte é importante considerar que:

“A madeira é um insumo (ou produto) de baixo valor específico, ou seja, o seu valor em relação ao seu peso e, ou, volume é baixo. Por isso, o custo de transporte dessa mercadoria é relativamente alto. O custo de transporte varia diretamente com a distância percorrida. Por isso, a localização da fábrica e dos reflorestamentos são decisões estratégicas e requerem planejamento detalhado.” SILVA et al., 2007

Novos projetos

Um projeto de criação de uma nova indústria precisa de muito estudo, e o transporte de madeira é um componente importante.

Para viabilizar este tipo de empreendimento, é feita uma análise técnica e financeira avaliando o tipo de solo da região, declividade, fatores ambientais, o raio médio até a fábrica, sinergia com os projetos existentes, entre outros fatores que determinam se o projeto tem chance de seguir em frente.

A competição por terras

Como o custo da terra pode ser mais caro em regiões com forte competição de outras culturas, isto pode forçar as empresas florestais a serem mais criativas.

Um bom processo aqui é mapear os concorrentes pelas terras e o raio de atuação das suas operações.

Em muitos casos, a distância que as demais indústrias podem buscar o insumo é mais restrita que a distância aceita pelo setor florestal.

Tendo os concorrentes por terra mapeados com seus devidos raios de atuação é possível focar a prospecção de terras em áreas com menos concorrência, reduzindo custo e aumentando a assertividade do processo de prospecção.

Projetos consolidados

Para projetos já estruturados, o trabalho de adequação acaba sendo mais focado nas áreas que não são próprias, visando reduzir o raio médio através do arrendamento e compra de madeira de áreas mais próximas.

Também é possível calcular a viabilidade de trocas de ativos por meio do impacto financeiro da economia no frete.

O transporte de madeira é definido por decisões tomadas em diferentes momentos, desde a definição das áreas dos projetos florestais, microplanejamento, seleção de fornecedores e a escolha final dos modelos de frete a serem seguidos para cada área da empresa.

Os diferentes momentos do transporte

As estradas quando bem planejadas permitem o bom fluxo de caminhões de forma segura e eficiente, reduzindo a distância e os tempos de espera sem impactar em excesso a área destinada ao plantio.

Neste caso, ter a visão clara em escritório e preparar cenários de alocação de estradas para posterior validação em campo antes da implantação é crucial para ser assertivo.

A digitalização do planejamento

O GIS já ajuda muito neste processo, permitindo a edição em escritório, utilizando todas as bases de dados existentes na empresa, como: Declividade, tipo de solo, cursos d'água, curvas de nível, infraestrutura existente, etc.

A validação em campo também se beneficia do GIS, utilizando aplicativos de coleta que consultam e editam o cenário planejado.

📚🌲 Você pode se interessar por esse artigo: Problemas logísticos no setor Florestal que podemos resolver usando o GIS

Indo além

O passo seguinte é a utilização de uma ferramenta que possibilite simular a viabilidade técnica e financeira dos cenários em escritório. Desta forma é possível ao analista propor cenários com um excelente custo, respeitando todas as restrições de operação e segurança.

O planejamento de estradas

Quando se consulta o mercado de frete, nos deparamos com diversas empresas ofertando serviços e utilizando parâmetros de precificação completamente diferentes.

A dificuldade de comparação entre fornecedores

Em um cenário hipotético você tem dois fornecedores potenciais, o Fornecedor A cobrará uma diária pela disponibilização do motorista mais um valor por km, com valores diferenciados para o km terra e km asfalto. O Fornecedor B cobrará um valor baseado na quilometragem total e o valor depende de uma tabela que varia considerando quantos porcento do frete é sobre terra e quantos porcento é sobre asfalto. Este Fornecedor B não cobra diária do motorista, mas cobra um adicional quando o estado de conservação da estrada está ruim.

É impossível comparar os fornecedores desta forma, pois os parâmetros de comparação não são iguais. Se os dois praticassem preço por km, seria simples, bastaria apurar o menor preço por km e pronto, mas não é o caso na maioria das vezes.

Trazendo os fornecedores para uma base comum

Se não é possível comparar um fornecedor com o outro diretamente, é possível para ambos os fornecedores calcular o valor final do frete para uma viagem específica.

Podemos então calcular e comparar o valor do frete do Fornecedor A com o valor do Fornecedor B, saindo da fazenda X e indo para o destino Y, definir o melhor fornecedor para este caso.

Panorama geral dos fornecedores

O que fazemos então é simular vários cenários com os diferentes fornecedores, colocar estes dados em gráficos que nos permitem analisar quais fornecedores são mais aptos a quais cenários.

Alguns vão ser melhores quando o percurso é mais asfaltado, outros são bons para viagens curtas e por aí vai.

Assim podemos decidir quais fornecedores vale a pena trabalhar, quais podemos deixar “na manga” para alguma urgência e quais não estão em sintonia com o mercado em termos de custo final do frete.

A seleção estratégica de fornecedores

A definição da rota ideal é um problema complexo de otimização e para ser efetiva passa por diversas áreas de conhecimento.

O mapeamento de estradas

O primeiro passo é ter o mapeamento correto das vias, pois de nada adianta ter uma rota planejada no computador passando por vias que não permitem o tráfego de caminhões, que coloquem membros da comunidade, o motorista ou a carga em risco.

A necessidade do mapeamento das vias elimina a possibilidade do uso de muitas soluções prontas de roteirização, pois as mesmas não contam com o mapeamento interno das fazendas, e como o custo do frete é maior em estradas não asfaltadas, é vital ter este mapeamento.

Gestão das restrições

Eventos como chuvas fortes, deslizamentos de terra e reformas na pista podem de maneira temporária e ou definitiva inviabilizar o transporte de madeira por um determinado trecho.

Por isso, é importante guardar estes registros de forma a ter a gestão de quais trechos estão interditados, o motivo, quem registrou esta informação no sistema e quando.

Simulação de custos

Na seção sobre seleção estratégica de fornecedores, abordamos os custos em um nível de abstração maior, olhando para o processo de gestão dos fornecedores.

Porém, depois de definirmos o conjunto de fornecedores que iremos trabalhar, é necessário de uma maneira concreta definir qual fornecedor atenderá cada frete.

A definição das rotas

Todo o conceito do Tarifador OPT foi criado para permitir que, ao definir uma rota, sejam simulados os custos associados a esta rota com cada fornecedor qualificado.

Desta forma, é possível escolher o fornecedor mais barato para cada caso, gerando evidências do custo com os demais fornecedores para a mesma rota.

Estes custos levam em consideração a forma de precificar o frete de cada fornecedor e aplicam o tempo, distância e demais fatores referentes à rota gerada.

Fluxo de aprovação

Alterar uma rota tem um peso forte no custo do frete (para o bem ou para o mal), então esta é uma atividade que requer em muitos casos um cuidado especial, passando por aprovação de pessoas chave ligadas ao resultado da operação.

Chegando na ponta

Depois da rota gerada, o fornecedor escolhido e da aprovação, a rota precisa chegar na ponta para que o motorista siga pelo caminho definido, realizando tudo aquilo que foi planejado.

Hoje grande parte das pessoas utilizam aplicativos como o Google Maps ou o Waze para se locomover em seus veículos de passeio.

Porém, estes aplicativos são de pouca aderência ao ambiente rural onde as estradas não são mapeadas pelas empresas de tecnologia.

O OPT Mobile é um aplicativo conectado ao Tarifador OPT que permite a navegação “curva a curva” e com alertas sonoros de forma similar ao Maps e Waze, com o diferencial de utilizar a base de estradas florestais.

O Tarifador OPT

O monitoramento em tempo real visa identificar desvios de rota, atrasos e longas filas de carregamento e pesagem.

Com isso, é possível tomar decisões sobre alocação dos próximos caminhões, direcionando para balanças com tempo menor de espera, reduzindo a ociosidade dos caminhões.

O desafio da conectividade

Todos que trabalham no campo uma hora ou outra se depararam com o problema da escassez de conectividade, ou seja, áreas de sombra onde não há sinal e não é possível nem fazer ligações ou se conectar com a internet móvel via chip.

Existem diversas formas de abordar este problema da falta de sinal, seja trabalhando com dados offline até que o caminhão volte à área de cobertura, implantar um sistema próprio de comunicação em áreas onde a empresa tenha operações contínuas ou mesmo conexão satelital.

O processamento do dado em tempo real

Uma vez que o dado chega a central de monitoramento, o mesmo pode ser exibido juntamente com os ativos florestais e industriais sobre um mapa, porém são tantas informações ao mesmo tempo, que esta visualização não basta, em operações grandes é necessário um mecanismo que consiga processar estes dados em tempo real e gerar alertas.

Para isso, é necessário um sistema que a cada novo posicionamento do caminhão identifique se:

  • Ele está no caminho planejado, ou quão distante do caminho ele está e a quanto tempo ele está fora do caminho;

  • Ele está em alguma fila de aguardo e a quanto tempo ele está ali;

  • Se ele está atrasado em relação ao cronograma inicial;

  • Se a fila de carga, pesagem/cubagem ou descarga para onde ele inicialmente foi alocado está sobrecarregada e seria melhor enviar ele para outro lugar.

O acompanhamento do transporte

Feliz ou infelizmente, o fato é que o transporte de madeira não é uma tarefa simples. Não é algo que se planeja uma vez e depois segue de forma tranquila com a execução do plano. As mudanças são constantes e cada vez mais é necessário estar integrado com as demais atividades da empresa e com o mercado em si.

Ter uma metodologia adequada, dados atualizados e revisão constante das decisões são componentes fundamentais para capturar valor nesta atividade.

Muitas das perguntas chave para o sucesso no transporte envolvem as expressões: “onde”, “aonde”, “por onde”, “declividade” e “distância” o denominador comum de todas estas expressões é a Geografia, mais especificamente o sistema de informações geográficas (SIG, ou GIS em inglês) que é uma peça fundamental para se realizar o transporte seguro e com o menor custo possível.

Concluindo...

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