Café: Como garantir a produtividade em tempos de mudanças climáticas?
AGRONEGÓCIOSARTIGO
Marlon Suenari - Líder de soluções para Agronegócios
3/12/20257 min read
No artigo anterior, foi apresentado um panorama dos motivos da alta dos preços do café nos últimos meses. Com base nesse pano de fundo inicial, daremos continuidade ao assunto buscando alternativas para tratar as principais causas: estoques baixos, produção estagnada e variação climática.
Clique aqui para conferir o primeiro artigo dessa série.
De acordo com a CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento, a área total destinada à cafeicultura no Brasil em 2024, abrangendo as espécies arábica e conilon, é de aproximadamente 2,25 milhões de hectares. Desse total, cerca de 1,9 milhão de hectares correspondem a lavouras em produção, enquanto aproximadamente 345 mil hectares estão em formação.
No início de 2024 a produção de café no Brasil para a safra era estimada em 58,81 milhões de sacas de 60 kg, uma alta de 6,8 em relação ao ano anterior. Porém, no decorrer do ano, por causa das variações climáticas, esses números foram revisados até o encerramento da safra em setembro de 2024 com praticamente 55 milhões de sacas.
Apesar de ser o maior produtor mundial, o país mantém a área de cultivo de café praticamente inalterada desde 2002, com 2,2 milhões de hectares. No entanto, a produtividade evoluiu passando de 45 milhões de sacas para os números atuais, ou seja, um avanço de 23,7 para 28,95 sacas por hectare.
Mas quando comparado ao Vietnã, que cultiva aproximadamente 600 mil hectares e produz em média 30 milhões de sacas, a produtividade brasileira é quase duas vezes menor, com a vietnamita atingindo a casa das 50 sacas por hectare. Mas o que explica essa diferença tão expressiva?
Para começar precisamos considerar a espécie cultivada no país asiático.
O café cultivado no mundo está distribuído em países do chamado Cinturão do Café que está situado na linha do equador.
Escolha da espécie e variedade


Fonte: Depositphotos
Nesse cinturão encontram-se as características climáticas favoráveis para duas das principais espécies produzidas no mundo, Coffea arábica ou Arábica e a Coffea canephora, mais conhecida pelas variedades, Conilon e Robusta. A produção global está dividida em 55% Arábica e 45% Canephora (Conilon e Robusta).
No Brasil, a produção de café essa proporção é de 70% a 75% do Arábica e 25% a 30% do Canephora (predominante Conilon)
O café arábica é cultivado principalmente em altitudes mais elevadas e clima ameno sendo os principais estados produtores: Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia.
Por outro lado, o café canephora (conilon/robusta) é cultivado em regiões de menor altitude e clima mais quente sendo os principais estados produtores: Espírito Santo, Rondônia e Bahia.


Fonte: BSCA Cafés especiais do Brasil
O Vietnã cultiva uma única espécie de café a Canephora Robusta. Essa variedade é muito cultiva em função de suas características de resistência a intemperes e pragas além de possuir uma produtividade média superior ao Arábica. Porém, se por um lado a produtividade é superior e os custos produtivos menores, em função da exigência da planta, por outro lado, as características do fruto com relação ao aroma e sabor são inferiores ao Arábica, que é considerado um café mais fino e complexo. Entretanto, com a evolução das práticas de cultivo, muitos produtores de Canephora tem atingido altas notas de qualidade, contrapondo a superioridade do Arábica.
Além das características da qualidade ainda superiores citadas anteriormente, o outro fator para a produção do Arábica ser maior é o seu valor de mercado. O café Arábica tem um valor médio entre 25% e 30% maior que o Canephora Conilon e Robusta que são muito utilizados em misturas (blend) e no café tipo solúvel.
Você pode se perguntar, mas por que o Brasil cultiva mais Arábica do que Canephora?
Investir em irrigação
Mais de 85% do café produzido no país é cultivado através do sistema de sequeiro, uma técnica agrícola que dispensa irrigação e depende exclusivamente das chuvas, que têm se tornado cada vez mais escassas e irregulares. E a falta de água pode causar impactos severos na produção e qualidade dos grãos dentre eles:
Redução da Florada e Fixação dos Frutos 🌼➡️🍒
A floração do café depende da umidade do solo. Se houver seca nesse período, a planta pode não emitir flores suficientes ou produzir flores fracas, comprometendo a formação dos frutos.
Após a floração, a falta de água dificulta a fixação dos frutos, levando ao chamado abortamento floral, quando as pequenas cerejas recém-formadas caem antes de se desenvolver.
Desuniformidade na Frutificação 📉
Se a seca for seguida por chuvas irregulares, a frutificação pode ocorrer em estágios diferentes na mesma planta, resultando em grãos com maturação desuniforme. Isso prejudica a colheita, já que haverá frutos verdes, maduros e passados na mesma planta.
Redução no Tamanho e Qualidade dos Grãos 🔍
A falta de água durante o enchimento dos grãos leva a uma menor formação de açúcares e nutrientes, resultando em grãos menores e menos densos. Isso impacta na qualidade da bebida produzindo cafés menos encorpados e com menor doçura.
Baixa resistência a pragas e doenças.
Plantas sob estresse ficam mais suscetíveis a pragas como o bicho-mineiro e doenças como a ferrugem-do-cafeeiro, além de comprometer a longevidade do cafezal.
Menor Produtividade e Perdas Econômicas 💰
A baixa fixação dos frutos e a desuniformidade na maturação reduzem a quantidade total de sacas colhidas, impactando negativamente a produtividade e, consequentemente, a lucratividade dos produtores.
Para mitigar esses riscos, a irrigação é o recurso mais usado para manter o nível de umidade do solo no ponto ideal e a planta vigorosa nos momentos críticos. Assim, a planta utiliza menos energia na absorção de nutrientes melhorado o crescimento vegetativo e reduzindo o efeito bienal.
Como muitos especialistas dizem: “o melhor seguro para a produção do café é a irrigação”. E por causa das mudanças climáticas isso tem se aplicado para todas as outras culturas.
É comprovado que a irrigação pode aumentar a produção em pelo menos 40% em comparação com áreas de sequeiro, dependendo da espécie cultivada. Por isso, nos últimos anos tem-se intensificado o uso dessa prática e a pergunta que antes era “devo usar?” mudou para “quando vou adotar?”.
Além da irrigação suplementar, práticas como a manutenção de uma boa cobertura do solo e a escolha de variedades mais resistentes à seca podem contribuir para reduzir os impactos da falta de água.
Como aumentar a produtividade?
Primeiramente, é fundamental elaborar um plano de irrigação eficiente, baseado em um estudo detalhado que forneça informações essenciais para garantir que o sistema atenda às necessidades da cultura.
O estudo detalhado, também chamado de estudo prévio, deve conter:
Análise do clima (Macro e microclima)
Análise do solo
Análise da evapotranspiração da planta
Análise da viabilidade técnica, ambiental, hídrica e econômica ou social
Esse estudo visa analisar todos os aspectos que o sistema de irrigação precisa ter mas principalmente, trazer informações para definir a melhor tecnologia, dimensionamento e custo compatível a disponibilidade do produtor.
Uma das entregas desse estudo é a Análise de Viabilidade Hídrica. Por exemplo, realizamos uma prova de conceito para um cliente do setor citrícola, considerando a disponibilidade de recursos hídricos próximos às suas propriedades. Ao final da análise, verificamos que, embora houvesse autorização para outorga, o nível do rio estava tão baixo que, na prática, a captação não era viável. Ou seja, não basta ter acesso à água. É essencial garantir que haja volume suficiente para o uso, o que tem sido um grande desafio nos dias de hoje.
Clique aqui e conheça um projeto de monitoramento para detecção de estresse hídrico.
Com o estudo prévio concluído, a próxima etapa é a definição do manejo, que define a forma como a água será aplicada.
O manejo da irrigação determina quando, quanto e formas de aplicação da água na cultura. Para isso, é preciso levar em consideração: Controle fitossanitário, Condições meteorológicas, Condições econômicas, Estratégias de condução da cultura.
O que é preciso saber antes de escolher um sistema de irrigação?
Bem, esse será o assunto para nosso próximo artigo.
Nele abordaremos as principais técnicas de manejo e tratos culturais visando aumento da produtividade mesmo em sequeiro.
E quando não é possível irrigar, o que devo fazer?
A ocorrência do estresse hídrico pode causar muitos problemas para o plantio, afetando as operações. Na situação apresentada sobre a alta do café, o estresse hídrico relaciona-se com a qualidade da produção dos grãos.
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