Café: O básico bem-feito. Como o manejo essencial transforma a produtividade?

AGRONEGÓCIOSARTIGO

Marlon Suenari - Líder de soluções para Agronegócios

3/27/20256 min read

No segundo artigo da série café, exploramos os impactos das mudanças climáticas na produção e destacamos como a irrigação tem sido uma aliada importante na mitigação dos riscos.

No entanto, em algumas situações, a irrigação pode não ser viável devido às limitações econômicas, técnicas ou ambientais, como a escassez de recursos hídricos mencionada anteriormente.

Ainda assim, mesmo em sistemas de cultivo em sequeiro, é possível alcançar uma boa produtividade ao priorizar a saúde da planta por meio de boas práticas de manejo e tratos culturais no cafezal. E é sobre isso que vamos tratar.

Perdeu o primeiro artigo? Aproveite para ler! Café caro: Entenda os motivos da alta

Quem nunca ouviu o ditado “Fazer um feijão com arroz bem-feito”? Apesar dos esforços de consultorias, associações e cooperativas, ainda é frequente encontrar lavouras com baixo nível de tecnificação e deficiências no manejo.

E essa realidade não se restringe apenas aos pequenos produtores, pois até mesmo em propriedades maiores é possível identificar falhas básicas, em especial nas práticas de adubação e nutrição. Esses erros não apenas reduzem a lucratividade, devido a gastos desnecessários com insumos, mas também comprometem a produtividade e a longevidade do cultivo em função do desequilíbrio nutricional.

Por isso, avaliar a composição e condições do solo torna-se uma tarefa essencial para o manejo adequado da lavoura.

O feijão com o arroz bem-feito...

Muito do que vemos na planta é apenas o resultado do que está sustentando-a. Mas para saber exatamente o que precisa ser complementado ou corrigido é essencial a realização de uma Análise de Solo.

E para fazer uma boa análise, primeiramente é necessário definir o método que a ser empregado. Tais métodos podem variar em custo, complexidade e benefícios. A escolha do método amostral impacta diretamente na acurácia do resultado da análise. Mas para quem ainda não adota essa prática, a máxima "O ótimo é inimigo do bom" está valendo.

Abaixo um infográfico com os principais métodos de amostragem utilizados com investimento, facilidade de implementação e benefícios.

O básico: Análise do solo, aplicação na medida e tempo certo

Com as amostras em mãos o próximo passo é o envio para análise em laboratório que fornecerá o resultado das coletas realizadas.

Depois que as análises laboratoriais são disponibilizadas, é possível avaliar a condição do solo em relação aos nutrientes de forma detalhada. Com base na análise, elabora-se a prescrição agronômica, que deve especificar quais insumos devem ser aplicados, em que quantidade e em quais locais, garantindo que as necessidades da cultura sejam atendidas.

Um profissional especializado, normalmente um agrônomo ou consultor agronômico, elabora um mapa com as zonas de aplicação. Geralmente é criada uma zona para cada elemento a ser aplicado com a quantidade e região a ser considerada. Somente após essa etapa é que a aplicação dos insumos é realizada.

Durante a aplicação dos insumos, com o maquinário adequado, é possível realizar a aplicação através de dosadores variáveis que, através do mapa de aplicação, executam o trabalho de forma precisa, aplicando a dose exata que foi prescrita.

Porém, é justamente nesse momento que muitos cafeicultores acabam errando. Quer seja por falta de equipamento de precisão que faça o ajuste variável da dosagem ou mesmo manuseio errado, aplicando muito além do necessário. Lembrando que não estamos falando apenas de desperdício, mas sim de desequilíbrio de nutrientes do solo que acabam dificultando a absorção e prejudicando o desenvolvimento da planta.

Por isso, após a aplicação dos insumos, é fundamental conferir, utilizando os dados de aplicação, o Planejado x Realizado à fim de corrigir eventuais desvios no processo. Lembrando que a condição do solo precisa ser revista com certa periodicidade, principalmente, na Floração que é uma das fases mais exigentes em nutrientes. O cafeeiro precisa de níveis adequados de potássio, cálcio e boro para garantir uma boa retenção das flores e um pegamento eficiente dos frutos.

Análises laboratoriais

Para verificar se as aplicações realizadas estão realmente beneficiando a saúde das plantas, é essencial implementar um monitoramento contínuo. O processo pode começar de forma remota, utilizando imagens de satélite para uma análise preliminar da saúde do cafezal.

Em seguida, são necessárias visitas a campo para identificar possíveis problemas que possam ter passado despercebidos no monitoramento remoto e obter detalhes mais específicos sobre as condições da lavoura.

Embora as tecnologias de sensoriamento remoto estejam cada vez mais avançadas, elas ainda não substituem completamente o olhar humano e sua capacidade de percepção. No entanto, o monitoramento remoto é uma ferramenta indispensável, pois permite realizar análises iniciais de forma eficiente, reduzindo a carga de trabalho no campo, ampliando a área de cobertura e diminuindo os custos para o produtor.

Como saber se o trabalho de correção e adubação foi eficaz?

Outro aspecto do manejo a ser considerado é o controle de plantas daninhas. Tais indivíduos podem causar diversos impactos negativos, comprometendo o desenvolvimento e a produtividade da cultura. Os principais efeitos são:

  • Competição por Recursos – Água, nutrientes e luz

  • Redução da Produtividade – Causa do desenvolvimento desuniforme

  • Aumento da Incidência de Pragas e Doenças - Algumas plantas daninhas servem de abrigo para pragas, como cigarras e nematoides. O excesso de vegetação também favorece o microclima para o desenvolvimento fungos.

  • Dificuldade nas Práticas de Manejo - A infestação pode dificultar a colheita manual e mecanizada além de exigir maior uso de herbicidas, aumentando os custos de produção.

  • Impacto na Qualidade do Café - A presença de daninhas pode afetar o vigor das plantas, reduzindo o tamanho e a uniformidade dos grãos, além de interferir na maturação, resultando em frutos de menor qualidade.

O controle eficiente de plantas daninhas, por meio de capinas manuais, cobertura vegetal controlada ou uso de herbicidas seletivos, é essencial para manter a produtividade e a qualidade do cafezal. Assim como sensoriamento remoto pode ser usado para monitorar o Cafezal com relação ao vigor da planta, ele pode é usado para detectar e quantificar as plantas daninhas, principalmente nas entrelinhas.

Controle de Plantas Daninhas

Outra técnica de manejo utilizada em larga escala que contribui para a sanidade das plantas e estimula a produção é a poda.

Existem dois tipos empregados como técnica de manejo:

  • Poda de Formação: Realizada em plantas jovens para estruturar a copa e estimular um crescimento equilibrado.

  • Poda de Produção: Remove ramos improdutivos, favorecendo o desenvolvimento dos ramos mais produtivos.

Podas (esqueletamento)

➡️ Renovação da Lavoura - estimulando a brotação de novos ramos produtivos e mantém o vigor da planta ao longo dos ciclos produtivos.

➡️ Aumento da Produção - a remoção de ramos improdutivos ajuda a planta a concentrar energia nos ramos mais produtivos. Além disso, um cafezal bem podado apresenta maior uniformidade na frutificação e maturação dos grãos.

➡️ Controle de Pragas e Doenças - podas sanitárias eliminam ramos doentes ou atacados por pragas, reduzindo focos de infestação. E melhorar circulação de ar e insolação na lavoura, diminuindo a umidade e o risco de fungos, como a ferrugem-do-cafeeiro.

➡️ Facilitação da Colheita - A poda melhora a estrutura da planta, facilitando o acesso aos frutos durante a colheita, reduzindo o tempo e os custos operacionais (manual ou mecanizada).

➡️ Equilíbrio Vegetativo e Reprodutivo - Mantém o equilíbrio entre crescimento vegetativo (folhas e ramos) e a produção de frutos. Isso ajuda a reduzir o efeito da bienalidade causado pela produção excessiva seguido de esgotamento da planta.

Os benefícios das podas para a Produtividade do Café

Infelizmente não existe uma bala de prata que garanta de forma mágica a mitigação de todos os riscos causados pelas mudanças climáticas. Porém, empregando técnicas e tecnologias citadas acima, juntamente com a dedicação do cafeicultor e equipes técnicas é possível aumentar a produtividade mesmo com as adversidades atuais.

Pois como disse Robert Collier: "Sucesso é a soma de pequenos esforços repetidos dia após dia."

Conclusão

Nesta série sobre café, exploramos as razões por trás do aumento dos preços, os efeitos do clima na produção e exportação, e como manter a produtividade com boas práticas de manejo.

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